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Ela já ficou de castigo várias vezes e continua repetindo os mesmos erros, não cumpre o combinado, é displicente, desrespeita os adultos, parece que gosta de provocar …’
Em um grupo de conversas sobre educação, o pai assim se refere às dificuldades que enfrenta com sua a filha de doze anos.
A intenção dele, ao castigá-la, é torná-la responsável, respeitadora, mas não está conseguindo. Sente-se desafiado e, querendo se impor, termina infringindo penas cada vez mais severas. Ocorre que a força de oposição e a desobediência da menina aumentam na mesma proporção.
Essas punições, impostas com ferocidade, fazem com que ela veja o pai como um opressor poderoso que precisa ser combatido. A situação desperta na menina muita raiva, e também muita culpa, pois ela gosta dele e quer o seu amor.
Ao sentir-se assim, a garota acaba provocando os castigos, afinal ela se convence cada vez mais de que é má e age como tal.
Ele, felizmente, está percebendo esse movimento repetitivo, provocador, e começa a se questionar. Esbarrou no seu próprio limite, não sabe mais o que fazer e reconhece que precisa aprender algo sobre castigos…
Agora tem chance de mostrar-se à filha como uma pessoa menos teimosa e impermeável. Poderá então oferecer-lhe esse exemplo e ajudá-la a diminuir a oposição que, do mesmo modo, ela teima em fazer.
As crianças precisam sofrer as consequências de seus atos, mas é da mesma importância que os adultos mostrem que também estão submetidos a critérios para educá-las.
Helena Grinover e Marcia Arantes