`Não vou comer isso porque eu nunca comi ‘ , diz um dos nossos cidadãos, de cinco anos de idade. Responde o pai: `Você vai experimentar e, se não gostar, não come´.
Outra criança, de aproximadamente oito anos, quando vai a casa de um amigo, vê sua mãe se esmerar nas recomendações a respeito do que ele come ou deixa de comer, instruindo o adulto que ficará responsável por ele.
Se, no primeiro exemplo, o pai empurra o filhote para fora do ninho, no segundo, se estabelece outro jogo, no qual o menino se sente cuidado e a mãe sente-se zelosa. Mas infelizmente, é um jogo onde não há vencedores. O pequeno restringe seu leque de prazer, inibe sua curiosidade, repetindo um padrão que aparentemente lhe dá segurança. A mãe, por sua vez, permanece cuidando de seu filho como um bebê incapaz ainda de expressar seus próprios desejos, e pode deixar de estimular outras possibilidades que advém do crescimento.
Experimentar um novo sabor requer determinada dose de ousadia e confiança, um ingrediente importante em muitos outros momentos da vida.
Colocar novidades no cardápio é uma das maneiras de levar a criança para o espaço social, no qual ela irá compartilhar hábitos comuns a um número maior de pessoas e onde o banquete pode sempre se desdobrar e se espalhar para outras áreas de interação…
Helena Grinover e Marcia Arantes