Promessa é dívida

Mother and child pinky swearing, Japan

‘Hoje não posso ficar com você , mas prometo que fico no fim de semana’; ‘agora tenho uma reunião, mas prometo andar de bicicleta amanhã’.
As relações entre pais e filhos são repletas de promessas… Geralmente aparecem no momento em que os pais se dão conta de alguma carência no filho, e sentem-se devedores. As promessas projetam a dívida atual para o futuro, e buscam transformar a culpa numa certeza de reparação.
No dia a dia, muitas variáveis interferem para nos desviar do que pretendemos fazer. O trânsito, a reunião que se estendeu mais do que devia, o dinheiro que não sobrou como se planejava, falta paciência para não agir daquela forma agressiva .
A decepção é grande quando uma promessa não se cumpre, especialmente para crianças na primeira infância, quando a crença na infalibilidade dos pais é necessária.
Por outro lado, sabemos que faltar com a palavra é humano e as crianças com o passar do tempo descobrem que os pais falham. Descoberta, aliás, muito importante porque também as liberta, podem ser imperfeitas. Passar a vida acreditando em seres infalíveis é fonte de muito sofrimento e inúmeras decepções .
Na verdade, quando fazemos uma promessa estamos dizendo que ‘temos a firme intenção’, ou ‘um grande desejo’ de realizar aquilo. Podemos ter no máximo a certeza dessa intenção, mas não temos a certeza da concretização.
Talvez o mais importante para a criança seja perceber que seus pais se sentem tranquilos fazendo o que lhes é possível – as limitações são muitas – para que ela tenha uma vida boa!
O sentimento dos pais de que estão em falta com os filhos pode ser um bom começo para um processo de mudança, com a abertura de novas idéias sobre a interação familiar.
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Marcia Arantes e Helena Grinover

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